TESTOSTERONA: SEPARAR OS FACTOS DA FICÇÃO
Recebo imensas perguntas dos meus doentes sobre a testosterona. Frequentemente eles ouvem noticias antagónicas sobre os efeitos de ter muito ou pouco desta hormona, e sobre se deverão estar preocupados com os seus níveis desta hormona. Na maioria dos casos estão confusos e precisam de uma orientação. É um abuso de esteróides … apenas para homens … um risco para cancro da próstata ou doença cardiovascular … necessário a uma boa função sexual? Debrucemo-nos pois sobre este assunto, e separemos os mitos dos factos:
- Mito1. Aandropausa não existe. A versao masculina da menopausa ou hipogonadismo tardio, ainda não é reconhecida universalmente pela comunidade médica, mas os seus sintomas são bem reais … Ao invés da queda abrupta nas hormonas e na qualidade de vida da menopausa, os homens vivem um declínio mais gradual na testosterona e nos seus desempenhos diários a partir dos trintas. Pelos 40’s, notam-se os efeitos dessa perda nomeadamente sob a forma de diminuição da libido, disfunção eréctil, osteopenia e sarcopenia (músculos mais débeis), fadiga, aumento de peso especialmente na barriga, ansiedade e depressão. Poder-se-á atribuir à idade, mas isso será um erro fatal. O que há a fazer é testar os níveis da testosterona total e livre, SHBG e estradiol e perceber se a andropausa é uma realidade. Claro que há o velho problema de se saber o que é ou não normal dado que os limites variam entre 300 e 1 000 nanogramas por decilitro. Classicmente a deficiência é abaixo de 200. Mas a experiencia dos médicos peritos nesta área é bem diferente, e o que serve a um não serve aos outros …
- Mito 2. O declínio na testosterona faz parte do envelhecimento normal. Não devemos aceitar a incapacidade como “naturalmente” resultante da idade. Podemos escolher manter ou até melhorar os nossos níveis de vitalidade da juventude através do exercício físico, nutracêuticos e optimização hormonal. A dieta adequada bem como o exercício pode ter um impacto tremendo nos nossos níveis de testosterona.
- Mito3. Asubstituição hormonal com testosterona equivale a abuso de esteróides. Os atletas que usam ilegalmente testosterona para aumentar as suas capacidades físicas fazem um mau uso (e perigoso) desta hormona. A substituição hormonal pressupõe a supervisão médica. Muitas das vezes usam doses 20 vezes maiores do que as usadas clinicamente. São portanto duas realidades completamente diferentes.
- Mito4. Atestosterona aumenta o risco de cancro da próstata. Este mito que infelizmente ainda encontra eco na comunidade médica, tem origem num estudo errado com 70 anos de existência, e que se veio a descobrir que foi efectuado apenas com base num paciente. De facto, o oposto é verdade, e é o declínio na testosterona que está associado ao cancro da próstata. Se assim não fosse, os jovens – com níveis elevados desta hormona – teriam um aumento da incidência de cancro prostático.
- Mito5. Atestosterona aumenta o risco de doença cardiovascular. De facto, a verdade é precisamente o contrário, sendo o coração o órgão com mais receptores para a testosterona. A mortalidade de causa cardíaca é maior nas pessoas com menores níveis desta hormona. Os estudos associam menor mortalidade cariovascular e menor hipertensão aos quer têm níveis normais de testosterona. Para alem disso estes têm menos “mau” colesterol.
Uma recente pesquisa na Alemanha revelou que os homens e as mulheres não respondem da mesma forma à inflamação, sendo esta modulada nos homens através da testosterona.