O senso comum diz que quem tem excesso de peso come demais e exercita-se pouco ou nada. Isto não é bem assim, pois na realidade as “calorias” Não são todas iguais e há vários factores, nomeadamente hormonais, que concorrem para promover a obesidade.
Esta, está primariamente relacionada com a ingestão de açúcares, nomeadamente a frutose, levando a um descontrolo hormonal ao nível da insulina e da leptina, descontrolo esse que se vai repercutindo na tiróide, o qual pode ser agravado pelos desequilíbrios entre os estrogénios e a progesterona, próprios da menopausa e climatério.
Para se ficar com excesso de peso tem de haver uma resistência à leptina, pois é esta hormona produzida nos adipócitos (células de gordura) que sinaliza ao cérebro que estamos “cheios” e que devemos parar de comer e gastar o excesso. O excesso de açúcar também bloqueia a queima de gordura alterando o nosso metabolismo, através do aumento da reverse T3 da tiroide, para um estado de baixa energia. Entramos assim, num ciclo vicioso em que não adianta muito comer menos, pois isso só diminuirá ainda mais o metabolismo. Os açúcares, nomeadamente a frutose, têm a capacidade para iniciar e perpetuar este mau estado metabólico através da resistência à leptina, promovendo a formação de gordura e a impossibilidade da sua queima nas mitocôndrias. Para além disto, a taxa de absorção da frutose vai aumentando progressivamente desde os 50% nas pessoas magras, para os 100% nos obesos. Mais, promovem a glicação – fenómeno que mais nos envelhece – sendo também neste caso a liderança assumida pela frutose. O mal estará então na fruta? Não de todo, embora algumas variedades de maçãs, pêras e ameixas devam ser comidas com parcimónia. O mal está nos refrigerantes, nos sumos – ainda que caseiros – e no açúcar de mesa (doces) pois metade dele é frutose.
Então, como poderemos ultrapassar esta doença e cumprir os votos de ano novo? Primeiro que tudo, reduzindo o consumo de açúcares e também através do jejum intermitente. Este, ao contrário do jejum clássico, promove desde o seu início a perda de gordura e o aumento sa sensibilidade à insulina e à leptina, estabilizando os níveis hormonais da tiróide. Só o facto de não comermos o pequeno-almoço ou de o adiarmos, prolonga a queima de gordura que normalmente ocorre durante a noite. Então, quais as vantagens deste tipo de jejum?
• Há muito que sabemos que a restrição calórica nutricionalmente optimizada aumenta a longevidade. Recentemente supomos que o jejum intermitente tenha o mesmo poder.
• Aumento da sobrevivência ao cancro em cerrca de 30% – talvez mais se associarmos uma dieta alcalina.
• Emagrecimento saudável e diminuição do risco de doenças metabólicas associadas à diabetes, tal como a insulino resistência.
• Aumento na produção de hormona do crescimento (a hormona do rejuvenescimento) em cerca de 1000 a 2000 por cento.
• Melhoria da actividade cerebral e neuronal.
O facto de nos exercitar-mos impede ou minimiza a perda de massa muscular associada ao jejum, e associando o exercício à suplementação com mais de 500 mg de vitamina C, bem como ao consumo de polifenois – especialmente os do chocolate negro – aumentamos a produção de energia nas mitocôndrias. Claro que o leitor mais ciente destas matérias pode questionar que se ingerir farinha, arroz, ou batata, as quais não têm frutose, ultrapassa estes problemas. Puro engano, pois parte desta glicose é convertida em frutose, no nosso fígado!
Poderemos monitorizar os progressos através do doseamento do ácido úrico, da balança – melhor da composição corporal – e da tensão arterial a qual deverá baixar nos hipertensos. Dito isto, o ácido úrico é um bom preditor de desenvolvimento de obesidade, diabetes, resistência à insulina, e fígado gordo. Se tiver mais do que 7, o risco de desenvolver estas patologias, bem como hipertensão arterial, aumenta significativamente. Conjuntamente com a insulinemia, a glicémia, a HbA1c e a leptina, podemos ter uma melhor perspectiva do futuro da nossa saúde.