Estava a pesquisar sobre hormonas bioidênticas e encontrei este blog, o qual é sem dúvida de muito interesse, pelo que gostaria de o parabenizar . Das pesquisas que fiz encontrei grandes defensores deste tipo de hormonas e também aqueles que são totalmente contra este tipo de tratamento. Tenho 43 anos e de há um ano a esta data que comecei a ter sintomas da menopausa, os quais se têm agravado nestes últimos tempos, em especial os de origem nervosa. Já há cerca de 20 anos que não tomo a pílula, pois fez-me aumentar de peso, e andava sempre cansada. Nos primeiros tempos causava-me também muitas náuseas e vómitos. Descobri há cerca de 4 anos que tenho fibroadenoma na mama, e fiquei desde então com imenso medo de poder contrair cancro da mama. Iniciei esta busca a fim de ver se encontrava alguém com a mesma patologia que eu, e fizesse uso de hormonas bioidênticas , pois os defensores afirmam que se pode tomar sem qualquer risco, ou risco reduzido, e aqueles que são contra afirmam convictamente que acresce e muito o risco de contrair cancro da mama e ginecológico, pois as hormonas mesmo manipuladas nunca se poderão comparar às nossas dado que durante o dia os níveis alteram-se. Também afirmam que a maioria dos cancros da mama são hormono-dependentes e tomar estrogénio, testosterona e progesterona , mesmo bioidênticas acresce o risco de contrair cancro. Também afirmam haver muitos interesses económicos à volta da medicina anti-envelhecimento, e daí esta publicidade toda.
Com apenas 43 anos sinto-me desmotivada, pois a minha qualidade de vida está muito afectada. Como afirmei, os problemas neurológicos foram os que mais me afectaram com os sintomas da menopausa. Antes da ovulação sinto calores, afrontamentos, e parece que o meu corpo todo arde. Na fase que antecede a menstruação tenho ataques de ansiedade, tendo já por duas vezes ido parar ao hospital. Também tenho insónias. Já tive que faltar ao emprego devido aos ataques de ansiedade e mau estar gerado pelos mesmos. Estou medicada, mas não me agrada nada ter que estar constantemente dependente de calmantes. Esta medicação condiciona a nossa vida e tem efeitos secundários péssimos. Gostaria muito que me esclarecesse estas dúvidas, e que me informasse se tem alguma paciente com fibroadenoma, e que toma este tipo de hormonas? Dos testemunhos que li são tudo pessoas sem patologiasem especial. E as que têm os seus ginecologistas proibiram o seu uso. Fico-lhe grata desde já pelo esclarecimento. E mais uma vez parabéns pelo blog.
S. Pat.
Bom dia!
Obrigado pela sua questão, pois é extraordinariamente pertinente. Vou tentar esclarecer. Em primeiro lugar não acredito que as hormonas humanas (bioidênticas) possam ser más ou fazer mal. Estão connosco há milhões de anos e foram aprovadas pela evolução. Depois, o simples facto de não fazer nada em relação à menopausa já é de mau prognóstico, pois dá lugar a desequilíbrios – dominância estrogénica – por si só causadores de aumento de risco de cancro da mama e ginecológico. Por último, os colegas da ginecologia abordam a terapia pelo máximo de cinco anos porque estão a falar de hormonas quimicalizadas, ou seja, estranhas à espécie humana. Não há hormonas boas e hormonas más, assim como não há hormonas a substituir – caso da insulina e da tiróide – e hormonas que não devem ser substituídas, Hormonas são mensageiros bioquímicos que dão instruções às células, e se estiverem em deficit ou forem alienígenas as instruções estão ausentes ou trocadas. Posto isto, devo acrescentar que devem ser optimizadas todas as hormonas, pois elas estão todas interligadas, e não apenas algumas. Por isso se fala em harmonização hormonal bioidêntica. Do ponto de vista de medicina holística – abordar o doente no seu todo – devemos considerar todos os outros desequilíbrios, nomeadamente os nutricionais. É o caso do magnésio/cálcio, do potássio/sódio, do iodo, das vitaminas B12 e ácido fólico, dos antioxidantes, etc.
Ora os fibrioadenomas, as mamas poliquisticas e outros achaques têm frequentemente origem da falta de progesterona e ou de iodo. Por fim devemos pensar porque é que uma boa parte dos meus colegas não valoriza as queixas das doentes, não as observa num todo, e acha que é tudo psicológico … Eu não trato doenças, muito menos análises ………. Trato pessoas doentes em toda a sua individualidade. Claro que é complicado, moroso nas consultas, mas ainda assim vale a pena!