Uma maleita silenciosa ameaça milhões de pessoas – e você bem pode ser uma delas. A doença é dissimulada, atacando diferentes pessoas de diferentes maneiras. Numa pessoa manifesta-se por tremores, noutra através de depressão ou psicose, e noutras com alterações da sensibilidade, paresias e dores. Muitas vezes esconde-se atrás de um ataque cardíaco ou AVC (trombose). Frequentemente esta patologia é considerada uma doença de idosos, e se em boa parte isto corresponde à verdade, o facto é que as causas subjacentes pouco têm a ver com o normal envelhecimento. Pessoalmente acho que é mais perigosa a insuficiência do que a deficiência nesta vitamina. As quantidades mínimas recomendadas, bem como os níveis ditos normais, estão normalmente aquém do que é necessário para sermos saudáveis e apenas garantem a eliminação das doenças mais graves da falta vitamínica. Diferentes pacientes: perda de urinas, dificuldade em andar erecto e falta de força muscular (com as consequentes quedas e fracturas ósseas), depressão, infertilidade, e perda da sensibilidade, têm a falta de vitamina B12 em comum. E geralmente todos eles foram diagnosticados para outra patologia … no entanto 80% dos vegetarianos sofrem dela, bem como 20% dos seniores. A actual gama de valores “normais” está desactualizada face às necessidades e face às evidências – devemos considerar como mínimo o máximo proposto pelos laboratórios de análises. E facto, os níveis e as quantidades consideradas normais enfermam de dois enviesamentos:
Ø As quantidades referem-se sempre às mínimas necessárias para que a deficiência absoluta não se expresse – por exemplo a quantidade mínima recomendada de vitamina C apenas cobre a expressão do escorbuto.
Ø As variações dos valores dos laboratórios de análises são adaptadas continuamente às realidades, pelo que a manutenção constante de uma anormalidade passa a ser considerada normal – ou seja, se houver, e há, continuamente uma diminuição da ingestão de B12 os valores diminuídos passam com o tempo a ser considerados normais.
Mas o que torna a vitamina B12 tão peculiar? Desde logo o facto de ser a única com cobalto, e a única que não se adquire através de vegetais ou da radiação solar. Para a podermos obter teremos de comer produtos de origem animal ou teremos que ingeri-la sob a forma de suplementos (logo à partida é uma razão inultrapassável para afirmarmos que não somos nem podemos ser vegetarianos). Por outro lado, as peculiaridades desta vitamina expressam-se através da sua absorção e transporte interno:
o A vitamina B12 está ligada a proteínas animais e precisa de ser libertada deste complexo para poder ser absorvida. Para isto é necessária a enzima pepsina a qual está dependente da produção de ácido clorídrico pelo nosso estômago.
o O nosso estômago também produz uma substância chamada factor intrínseco, que é necessária ao transporte intestinal desta vitamina. Outras proteínas servem de transporte da B12 até ao intestino onde é absorvida.
o Já na corrente sanguínea é precisa outra proteína – a transcobalamina II – para poder ser levada às células, o seu destino final.
Assim, qualquer alteração a este complicado sistema conduz a uma insuficiência em B12. Ora à medida que envelhecemos produzimos menor quantidade de ácido clorídrico e de factor intrínseco. Por outro lado as actuais medicações para problemas estomacais e de refluxo esofágico – os chamados anti-ácidos e inibidores da produção ácida – contribuem para a menor absorção desta vitamina. E estes potentes fármacos são actualmente de venda livre em para-farmácias …
Esta insuficiência está a tornar-se epidémica porque cada vez comemos mais produtos refinados e industrialmente processados – gorduras vegetais e açucares – os quais são baratos, em detrimento dos produtos animais mais caros e com o falso ónus de serem maus para a saúde. Dado os profissionais de saúde não estarem treinados para considerar a insuficiência nesta vitamina, bem como nas outras, como uma doença a pesquisar e haver a má ideia de que a partir da altura em que somos adultos – já estamos com o nosso corpo formado – precisamos de menor quantidade de proteína, isto abre as portas à presente epidemia que infelizmente vai aumentar de amplitude. E afinal é bem simples combater esta deficiência e as suas patologias associadas … ingerir carne, peixe e ovos … ou suplementar com a ingestão de vitamina B1 na forma sublingual – pois deixa de estar dependente das peculiaridades da sua absorção.