E OS PULMÕES?
Em nome do coração, os nossos pulmões são continuamente ignorados. Até ao exercício de aeróbica se convencionou chamar de cardio. As modernas estratégias de treino cardio relegam completamente os pulmões. Ninguém se preocupa com eles até a doença atacar. E normalmente é tarde demais. A actividade de aeróbica está desenhada para dar resistência de fundo. Parece óptima ideia, excepto que o nosso corpo não está feito para este tipo exercício de média intensidade e longa duração que é característico da aeróbica. Consegue pensar numa situação em que os nossos ancestrais necessitassem de correr durante horas? Ou tivessem de repetir o mesmo tipo de movimento vezes sem conta, sem intervalo ou descanso? Os nossos pulmões e o coração precisam de ser desafiados a dar o máximo de forma a adquirir uma boa forma e saúde estáveis. Pense um pouco: quando foi a última vez que precisou de dar uma corrida? Provavelmente há muito tempo! O exercício de cardio está desenhado para que nunca corra demais, nem de menos. Mas qual é a ideia? Em tempos idos, diferentes formas de aceleração rápida eram essenciais à sobrevivência. E este tipo de actividade, seja em terra ou na água, desafiou as capacidades pulmonares dos nossos antepassados. A vida moderna é stressante e precisamos de pulmões na máxima capacidade para lhe fazer frente. Na maioria das vezes nem nos damos conta que não os utilizamos na sua plenitude – ou que não o podemos fazer. A perda de capacidade pulmonar é comum e crónica. Isto significa um problema constante que persiste durante anos, e que não notamos porque não temos com o que comparar. Uma vez que mudamos de exercício de média para alta intensidade, precisamos de cada vez mais oxigénio para manter esse elevado nível de actividade. O sprint é um bom exemplo. Claro que o não conseguiremos fazer durante muito tempo, pois ficaremos exaustos ao fim de pouco mais de um minuto. Mas quando paramos ficamos com respiração ofegante e rápida. Esta é a maneira de repor de volta o oxigénio que se gastou a mais. O conceito é simples de entender: actividades de alta intensidade necessitam de muito oxigénio e rapidamente, e de forma crescente. Este é o ponto em que se acumula uma dívida de oxigénio à custa de mecanismos de backup. Após cessar esta necessidade de alto débito de oxigénio, continuamos a respirar de forma intensa para repor o que consumimos por conta. À medida que formos exercitando este mecanismo de sobrevivência vamos aumentando as nossas capacidades pulmonares e cardíacas. Se fizermos sempre uma marcha muito certinha apenas exercitamos esse tipo de actividade. Podemos subir umas escadas e ter um ataque cardíaco porque na realidade não estávamos preparados para esse tipo de esforço. E também temos de desafiar o corpo pois caso contrário ele adapta-se. Por exemplo: se todos os dias andarmos vigorosamente 30 minutos, com o intuito de perder gordura, o nosso corpo entende que vamos fazer essa actividade e de antemão acumula gordura para ser gasta. Irónico? Mas é mesmo assim. Teremos que intervalar com corrida de forma a produzir adaptações, e podem ter a certeza que o nosso corpo responde: presente.