A indústria cosmética entrou, há cerca de 20 anos, numa fase caracterizada pelo rigor científico, que passou a fundamentar o seu recente desenvolvimento, surgindo sempre associada a uma imagem de beleza, segurança e de aumento da auto-estima.
É no entanto necessário algum cuidado na escolha, já que subsistem alguns produtos cuja composição e fabrico possam ser mais duvidosos ou baseados em mitos do passado. Por exemplo, ainda existem cremes que dizem conter colagénio (normalmente de origem bovina), destinados a substituir ou reparar as nossas próprias fibras de colagénio. Para além do tamanho destas fibras as impedir de atravessar a epiderme, seriam obviamente rejeitadas caso o conseguissem. Na leitura do folheto informativo destes cremes faz toda a diferença afirmar que “contém colagénio” ou que “contém precursores do colagénio”.
Quanto à composição, a boa noticia que lhe dou é que no rótulo a indicação da composição é obrigatoriamente apresentada segundo uma nomenclatura internacional (INCI). Trata-se de um sistema que permite classificar de modo simples e perceptível no mundo inteiro os mais de 12 mil ingredientes que podem entrar na composição de um cosmético. A organização dos componentes respeita uma ordem sequenciada começando no ingrediente mais concentrado até ao menos concentrado.
A notícia menos boa é que para lermos o rótulo, devemos estar atentos a muitos detalhes nem sempre imediatamente evidentes.
Será que realmente todos estes ingredientes de beleza fazem bem à pele? Não.
Na composição dos cosméticos usados diariamente por milhões de pessoas pode haver ingredientes potencialmente perigosos para a saúde, podendo trazer diversos prejuízos como, por exemplo, irritações e alergias cutâneas, e até mesmo doenças mais graves, como o câncer. Infelizmente, muitos destes ingredientes estão disfarçados por aromas e corantes agradáveis, distraindo a atenção do consumidor.
Deixo-lhe um conselho: Leia os rótulos cuidadosamente para não ser surpreendida no checkout. Se possivel, opte por cosmética biológica, que oferece produtos cada vez mais eficazes, com resultados tão eficientes quanto os dos sintéticos, além de serem ecologicamente corretos, hipoalergênicos e não ressecarem a pele. Seja vigilante sobre os prazos de validade e não sujeite os seus cosméticos a mudanças bruscas de temperatura.
Top 10 dos ingredientes a observar atentamente antes de comprar e utilizar qualquer cosmético:
Parabenos - Porque são tão mal falados? Comportam-se como se fossem hormonas femininos –
Apesar de serem conhecidos como tóxicos, os polémicos parabenos são os conservantes mais comuns e amplamente utilizados na industria cosmética para prolongar a vida útil do produto. Para além de se comportarem como um estrogénio, interferindo no desenvolvimento e na reprodução sexual o seu uso foi recentemente ligado ao cancro da mama, tendo sido encontrados vestígios destes conservantes em amostras de tumores. Há uma enormidade de produtos para gestantes, lactantes, crianças, reposições hormonais e terapias crónicas contendo parabenos.
Deveria ser reavaliado o seu uso em produtos destinados à aplicação na área axilar (desodorizantes, por exemplo) uma vez que estudos recentes confirmaram que usados nessa região podem estar associados ao aumento da incidência de câncer de mama.
Podem ser identificados nos rótulos com diversas nomenclaturas: Parabens, Methylparaben, Ethylparaben, Propylparaben e Butylparaben.
Conservantes libertadores de formol - Aumentam a incidência de câncer de pele –
"The American Academy of Dermatology" considerou-os a causa n.º 1 das dermatites de contacto. Todos sabemos que o formol faz muito mal à pele, mas o que a grande maioria das pessoas não sabe é que muitos cosméticos utilizam na formulação alguns tipos de conservantes que produzem e libertam formol na pele.
Podem ser identificado nos rótulos como: quatérnium-15, diazolidinil hora, imidazolidinil uréia e DMDM hidantoína.
Filtros solares com benzofenonas e derivados da cânfora - Efeito estrogênico no organismo –
Embora o uso diário de filtros solares seja indispensável para evitar o envelhecimento e o câncer de pele, alguns componentes desses filtros geram um grade prejuízo para a saúde humana. Um estudo realizado no Departamento de Dermatologia do Hospital Bispebjerg, Copenhagen - Dinamarca apontou a presença de fotoprotetores no sangue e na urina, indicando que estes foram absorvidos pelo organismo. Para completar essa informação, outro estudo realizado na Universidade Utrecht, Holanda comprovou que esses compostos imitam o estrogénio (hormona feminina).
Podem ser identificados nos rótulos como: benzophenone e/ou 3-(4-methyl-benzylidene).
Lauril/Laureth Sulfato de Sódio (SLES/SLS) – Provoca irritações cutâneas e reacções alérgicas – É um detergente muito agressivo, mas também muito barato, que é utilizado em champôs pelas suas propriedades de limpeza e de produção de espuma. Normalmente derivado de petróleo, é frequentemente dissimulado com a frase "provém de cocos". Penetra muito facilmente na pele e permanece nos tecidos por um período de tempo relativamente longo. Causa irritação nos olhos, descamação do couro cabeludo (similar à caspa), irritações cutâneas, intensificação das reações alérgicas e desidratação da pele.
Pode ser identificado nos rótulos como: Sodium Lauril/Laureth.
Ureia – Atravessa a placenta –
É um dos hidratantes mais utilizados em cosméticos, tanto pela sua eficácia, quanto pelo seu baixo preço. O que pouca gente sabe, é que a ureia está interdita a mulheres grávidas. Ao penetrar profundamente na pele, tem a capacidade de atravessar a placenta, podendo chegar até o feto em formação. Assim, se detectar a palavra “urea” nos primeiros lugares da fórmula INCI, então este produto provavelmente não será indicado para uma grávida.
Pode ser identificado nos rótulos como: Urea.
SulfateDietanolamina, Trietanolamina – Tóxicos –
Utilizados habitualmente nos cosméticos, como emulsionantes e/ou agentes produtores de espuma. Podem causar reacções alérgicas, irritações nos olhos e desidratação do cabelo e pele. São "aminas" (compostos a partir da amónia) e podem formar nitrosaminas causadoras de cancro quando em contacto com nitratos. São tóxicos se absorvidos pelo corpo prolongadamente.
Podem ser identificados nos rótulos como: Monoethanolamine (MEA); Diethanolamine(DEA); Triethanolamine (TEA), e por vezes precedido pelo nome cocamide.
Propilenoglicol - Risco de Alergias -
É um produto utilizado como diluente de outras substâncias, sendo muito usado numa ampla variedade de cosméticos. O perigo do seu uso está nos problemas de pele que este pode desencadear, como alergias e irritações.
Pode ser identificado nos rótulos como: Propylene glycol, PEG (polietilenoglicol) ou PPG (polipropilenoglicol).
Óleos de Petróleo (petrolatum, parafina líquida, óleo mineral) –
Responsáveis por diversos tipos de cancro –
Estes óleos são largamente utilizados nos cosméticos pelas suas propriedades emolientes. Não tem qualquer valor nutritivo para a pele, mas podem interferir com os mecanismos naturais de hidratação, retirando-lhe capacidade de “respirar”, acelerando o processo de envelhecimento da pele ao encorajar a geração de radicais livres. Habitualmente originam as situações que reivindicam aliviar. Na União Europeia o uso de Petrolatum é muito restritivo - potencialmente contaminado com químicos ligados a cancro ou outros problemas graves de saúde.
Pode ser identificado nos rótulos como: paraffin oil e mineral oil.
Cores e fragrâncias sintéticas – A industria utiliza várias cores e odores sintéticos para conseguir um cosmético mais apelativo, o problema é estes que podem causar alergias e dermatites diversas. A maioria das cores utilizadas em cosméticos aguarda testes e/ou ainda não foram aprovadas, nem estudada a segurança na sua utilização.
Podem ser identificado nos rótulos como: FD&C ou D&C, seguidas por uma cor e um número ex: FD&C Red No.6.
As fragrâncias sintéticas (não qualificadas como óleo essencial) utilizadas podem ter cerca de 200 ingredientes, não existindo assim forma de saber quais são os produtos químicos que as compõem, porque nos rótulos só vêm descritas como Parfum ou fragrance. Entre os problemas provocados por estes químicos estão dores de cabeça, tonturas, irritações, hiperpigmentação, tosse forte, vómitos, irritação cutânea e mais.
Polímeros modeladores - Tóxicos – São produtos químicos derivados do petróleo utilizados em sprays de cabelo, produtos para pentear e outros cosméticos. Podem ser considerados tóxicos pelo facto de as partículas inaladas poderem danificar os pulmões de pessoas mais sensiveis.
Podem ser identificados nos rótulos como: PVP/VA Copolímero.