REGRESSO À ETERNIDADE?
Em Novembro de 2009 tive o privilégio de assistir a uma teleconferência de um dos biologistas líderes na pesquisa anti-aging. A pesquisa da equipa do Bill Andrews, PhD e CEO da Sierra Sciences. Muitos peritos em anti-envelhecimento estão de acordo com a abordagem desta equipa, nomeadamente no que concerne aos telómeros e à possibilidade de reverter o envelhecimento através da manipulação dos telómeros. Mas, o que são os telómeros? O corpo humano é formado por cerca de 100 triliões de células. Nós envelhecemos porque as nossas células envelhecem. Assim, se conseguirmos controlar o envelhecimento celular, conseguiremos controlar o envelhecimento global do nosso corpo.
Todas as células têm um núcleo no qual jazem os cromossomas. Estes são formados pelo ADN, o qual é formado por cerca de 100 milhões de unidades a que chamados bases. Pensemos no ADN como uma fila de tijolos de cores padrão. Cada vez que é preciso formar uma nova célula os tijolos devem ser postos de forma a copiar o padrão original. Mas, no fim de cada ADN há uma sequência de tijolos que vai ficando mais curta até ao ponto de não mais ser possível a divisão/renovação celular. Aí, caminhamos para a morte. Na concepção estas sequências terminais – os telómeros – têm cerca de 15.000 bases (tijolos). Por altura do nascimento já só serão uns 10.000, e quando o número chega aos 5.000, morremos de velhice. Para já não parece possível evitar o encurtamento dos telómeros através de hábitos de vida saudáveis, se bem que o contrário está demonstrado, ou seja, o fumo, a má alimentação, a obesidade, o sedentarismo, o stress, etc. promovem o encurtamento dos telómeros.
Mas porque é que eles encurtam? Antes do mais há a considerar a genética. Há pessoas que nascem com telómeros maiores do que outras, e além disso as células dividem-se a ritmos diferentes. Todos os processos que levam à produção de radicais livres – e à consequente oxidação – podem conduzir à clivagem dos telómeros, o que acelera o processo de encurtamento. Embora ainda não possamos controlar a taxa de encurtamento, podemos controlar a aceleração do processo através da ingestão de antioxidantes, de uma alimentação saudável, do exercício físico e de outras estratégias para promover uma vida saudável.
Interessante é o facto de se ter descoberto que as células reprodutivas não envelhecem, daí os filhos de um homem de 70 anos nascerem tão novos quanto os de um jovem de 20 anos. Isto deve-se à produção de uma enzima chamada telomerase a qual liga os genes de reparação dos telómeros.
Embora só daqui a cerca de 10 anos possa ser possível termos uma medicação que active directamente a telomerase e possa por um fim ao processo de envelhecimento, já dispomos de alguns compostos com capacidade de actuação nesta área. Falo do glutatião – o nosso antioxidante major – o qual é formado pelas nossas células a partir de matérias-primas como a glicina, o glutamato e a cistina. Esta é a razão porque tenho vindo a aconselhar a suplementação com proteína de soro de leite (whey) e com N-aceticistina. Para além do whey os ovos também são uma fonte importante destes aminoácidos percursores do glutatião. Para além disto, o whey tomado ao jantar tem a capacidade para promover a produção de HGH, a hormona do rejuvenescimento. Outro composto capaz de aumentar a longevidade é o resveratrol, que se encontra no vinho tinto.
Resumindo, a activação da telomerase através de medicação desenhada para este fim parece constituir a melhor estratégia para abolir o envelhecimento. Os peritos apontam para que esses medicamentos possam ser comercializados dentro de uma década. Até lá devemos efectuar tudo o que está ao nosso alcance para que o desempenho actual dos nossos telómeros seja o melhor possível. Talvez possamos atravessar a ponte para embarcar no processo da vida sem limite, bastando aguentar o tempo necessário até À PASSAGEM DESSE “COMBOIO”.