Além de oferecer má qualidade de vida, a rinite alérgica pode derivar em sinusite ou estar associada à asma. Urge, pois, tomar medidas preventivas, sobretudo, nas crianças que em tenra idade sofram de dermatite atópica, ou tenham história familiar de alergia.
A rinite alérgica é a doença alérgica mais frequente. Estima-se que entre 10 a 30% dos portugueses sofram de rinite alérgica. São, aliás, as mesmas estimativas vigentes a nível europeu.
De acordo com um estudo epidemiológico realizado no nosso País a crianças com 6 e 7 anos e em adolescentes com 13 e 14 anos (estudo ISAAC), em 2002, a prevalência era de 24% nas crianças e de 27% nos adolescentes.
Obstrução nasal (nariz tapado), rinorreia aquosa (pingo do nariz), crises esternutatórias (espirros) e prurido nasal (comichão) são os quatro sintomas clínicos que caracterizam a rinite e que ditam o
diagnóstico.
Esta doença alérgica pode ser classificada consoante a altura em que aparece no ano – sazonal e peranual –, a duração – intermitente ou persistente – e a gravidade – ligeira e moderada a grave.
Se a manifestação for sazonal, provavelmente, trata-se de uma rinite relacionada com os picos de polinização dos grãos de pólen da Primavera, também chamada polinose. Se os sintomas ocorrerem todo o ano (peranual), outros alergénios estarão implicados, sendo os ácaros do pó os mais frequentes.
Tanto o subdiagnóstico como o subtratamento poderiam ser evitados, uma vez que o principal meio de diagnóstico é feito mediante a observação dos sintomas acima referidos, portanto, essencialmente clínico. A existência concomitante, frequente, de sintomas oculares alérgicos apoia este diagnóstico, 80% dos asmáticos têm rinite alérgica, podendo em alguns casos ainda não ter sido diagnosticada ou não ser valorizada. Por outro lado, 40% dos doentes com rinite têm asma.
A prevenção da rinite aplica-se também à asma e à sinusite, se esta tiver sido provocada por uma rinite alérgica.
A prevenção primária começa na infância, sobretudo nas crianças que tiveram dermatite atópica nos primeiros anos de vida ou com pais e irmãos com doença alérgica. Eis algumas medidas preventivas:
• Estimular o aleitamento materno, pois é um dos factores que aumenta as defesas imunitárias das crianças;
• Evitar o tabagismo materno durante a gravidez e o tabagismo passivo da criança (há evidências que demonstram que o tabaco é capaz de ter um efeito que propicia o aumento de reacções inflamatórias, podendo aumentar a propensão para o indivíduo se sensibilizar);
• Evitar o contacto com os agentes mais frequentemente sensibilizantes. Em relação aos pólenes é impossível actuar em termos de prevenção primária, mas em relação aos ácaros, que nas crianças são o alergénio mais frequentemente implicado, é possível actuar, sobretudo ao nível de controlo ambiental, designadamente evitar alcatifas, tapetes ou carpetes, ter um colchão novo, capas de revestimento no colchão e almofada, e evitar os bonecos de peluche e tudo aquilo que condiciona a acumulação de pó.
Para evitar o aparecimento dos sintomas num indivíduo já sensibilizado, devem ser adoptadas as seguintes medidas:
• Não fumar, já que o tabaco provoca lesões de algumas células e principalmente nos cílios de drenagem, que ajudam na eliminação das secreções
• Se o indivíduo estiver sensibilizado aos ácaros é necessário ser ainda mais agressivo em relação às medidas de controlo ambiental
• Em termos de pólenes, normalmente a sua época é a Primavera, sendo os mais implicados os das gramíneas (fenos), as árvores da oliveira, do plátano e do cipreste, este último com polinização no Inverno. Uma das formas de prevenir os efeitos destes agentes será iniciar uma terapêutica com um corticóide nasal (nasomet®) antes do pico polínico, para a mucosa ficar menos reactiva ao contactar com o alergénio
• É ainda importante conhecer o boletim polínico da região (disponível no sítio da SPAIC: www.spaic.pt; planear viagens (trabalho ou férias), elegendo alturas do ano e locais livres do(s) pólen(es) para os quais é alérgico
• As vacinas de dessensibilização podem ser prescritas para tentar evitar a evolução natural da rinite para uma asma, particularmente nos doentes sensibilizados a pólenes.