15.03.10
INDÚSTRIA FARMACEUTICA
Dr. Luís Romariz
Todos nós somos potenciais clientes da indústria farmacêutica, a qual tem sido uma parceira relevante nos ganhos de saúde das últimas décadas. Mas nem tudo que luz é ouro… De facto, já há muito tempo que tenho as minhas divergências quanto a alguns fármacos e quanto à ditadura da “maioria”. Que fique bem claro, sou médico e só acredito na medicina convencional como meio de promoção da saúde. Mas, há mais medicina para além daquela que nos ensinam na escola médica e quando me perguntam se eu represento uma medicina alternativa, eu respondo que represento a medicina INOVATIVA!
Acredito na ciência médica baseada nos conhecimentos profundos da anatomia, da fisiologia e da clínica médica. Mas a “dita” medicina baseada na evidência e nas orientações – pomposamente apelidadas de guidelines – é potencialmente promotora de riscos para os doentes. Estas orientações variam um pouco ao sabor ora dos interesses dos governos ora das farmacêuticas. Raramente servem os interesses dos doentes. Quanto aos estudos e á medicina baseada na evidência há muitas razões para desconfiar. Os primeiros são frequente e infelizmente manipulados pelas grandes companhias farmacêuticas, e os segundos assentam demasiado nas estatísticas. E estas nem sempre são o que parecem. Por exemplo, as estatinas – medicamentos para baixar o colesterol – apenas têm efeito de prevenção primária na doença cardiovascular em 1 de cada 72 doentes a toma-las durante cinco anos. Mas a manipulação estatística poderá apresentar melhorias de 50%. Se eu tiver 1 Euro por mês e me aumentarem 50 cêntimos, isso aumentou o meu rendimento em 50% embora eu continue miserável. Para além das estatinas têm vindo à cena vários grupos de fármacos como os bifosfonatos que pretendiam tratar a osteoporose e que se revelam tóxicos, certos medicamentos para a diabetes e que atacam o coração, e a lista continua.
Actualmente temos Ministérios da Doença ao invés de Ministérios da Saúde. A medicina tem de ser entregue aos médicos, mas nós devemos perceber que mais importante do que tratar da doença é tratar da saúde. E isto até não é difícil, se formos às nossas raízes – anatomia, fisiologia, etc. – está tudo lá. Apenas é necessário saber como é feita a máquina (anatomia), como funciona (fisiologia), e como surgem as doenças (clínica). Depois há que misturar tudo com uma enorme dose de bom senso e com espírito livre e crítico. Infelizmente, rebentaram escândalos sobre as grandes farmacêuticas as quais estão em tribunal accionadas pela americana FDA. Havia um pouco de tudo desde estudos falsificados, luvas, indicações e doses fora do estabelecido, etc.
As multas até parecem pesadas, mas isso é ilusório pois reflectem uma pequeníssima percentagem dos lucros anuais. OS DOENTES DEVEM ESTAR EM PRIMEIRO LUGAR!