ÓMEGA-3; ASPIRINA; RESOLVINAS E PROTECTINAS
Estaremos a combater o inimigo errado em relação à doença cardíaca? E se infecções bacterianas simples e comuns se revelassem como actor principal na génese desta patologia? Esta teoria parece ridícula, considerando o fervor com que temos encarado a diminuição dos “colesteróis” para evitar os ataques cardíacos. Mas um artigo publicado na JAMA (Vol. 281 pp 427-431) demonstra que a utilização de tetraciclina promove uma significativa diminuição da taxa (30%) de um primeiro ataque cardíaco na população em geral. Esta correlação só foi observada com este antibiótico, o qual é tratamento de 1ª linha para a Clamídia. A razão para relação entre a doença e esta bactéria pode estar associada a potencial inflamação cardíaca. Há crescente evidência na literatura médica a ligar o processo inflamatório à possibilidade de doença cardíaca. Isto dá-nos outra razão para entendermos porque é que a aspirina é tão eficaz a prevenir os ataques cardíacos – a sua acção anti-inflamatória. Confirmando-se o elo bacteriano, teremos de reavaliar todas as teorias sobre a génese dos ataques cardíacos.
Nos últimos 20 anos, estudo após estudo não obtivemos a prova que demonstrasse uma ligação entre a longevidade em geral e níveis diminuídos de colesterol. Tudo isso mudou com a entrada em cena das estatinas desenhadas como “balas mágicas” para abater a síntese do colesterol. Mas aparentemente é o efeito anti-inflamatório destes medicamentos o responsável pela longevidade aumentada. Os níveis da proteína C reactiva (um biomarcador da inflamação celular) estão diminuídos nos que tomam estatinas, o que parece indicar – conforme tenho escrito nos últimos anos – que a doença coronária é mais de causa inflamatória do que por causa do colesterol.
Ora há um medicamento que também é capaz de baixar a inflamação – a aspirina – mas que não interfere nos níveis de colesterol. Actualmente sabemos que pequeníssimas doses de aspirina associadas à suplementação com óleo de peixe, são capazes de gerar substancias altamente benéficas em relação ao processo inflamatório celular – resolvinas e protectinas.